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Ao longo dos anos diversos autores têm publicado trabalhos relacionando a Ortodontia e o aparecimento de Desordens Temporomandibulares (DTM). A ortodontia é muitas vezes apontada como a etiologia de desordens temporomandibulares que surgem durante ou após o tratamento ortodôntico, existindo mesmo casos que chegaram à barra do tribunal com condenação do ortodontista. Será verdade esta relação? O que nos diz a evidêrncia científica atualmente?
Foi feita uma pesquisa bibliográfica na Pubmed e na Cochrane até Maio de 2013 com as palavras chave “Orthodontics and temporomandibular disorders”, “Orthodontic treatment and temporomandibular disorders”, limitada a ensaios clínicos controlados, revisões, revisões sistemáticas e metanálises, onde foram obtidos 139 artigos, dos quais, após leitura do abstract, foram selecionados 18 artigos em inglês, com informação pertinente sobre o tema.
Todos os estudos parecem indicar que não existe uma relação de causa–efeito perfeitamente estabelecida entre o tratamento ortodôntico, ou a não existência de relações oclusais com parâmetros ideais, e o aparecimento de desordens temporomandibulares, embora a existência de uma correta relação e dinâmica intermaxilar contribua para a estabilidade do sistema Estomatognático. As desordens temporomandibulares não são contra-indicações para o tratamento ortodôntico.
De igual modo, o aparecimento de DTM durante um tratamento ortodôntico não implica que este não seja terminado após estabilizar a DTM. É necessário conhecer bem a etiologia das DTM e estabelecer protocolos de tratamento interdisciplinares adequados. No entanto mantém-se a necessidade de estudos futuros que aumentem a evidência científica disponível. Clinicamente, existem dados suficientes para o esclarecimento adequado dos pacientes, de forma a que possam entender o significado de uma DTM que surja no decorrer ou após um tratamento ortodôntico, de forma a evitar interpretações incorretas.