Erosão dentária e distúrbios alimentares – abordagem clínica pelo médico dentista

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Hall dos posters – 21 novembro 2013, 11h30 – Ordem nº

Introdução e objetivos

Os distúrbios alimentares têm frequentemente origem na enorme pressão sociocultural exercida no sentido da obtenção dos estereótipos de beleza. O diagnóstico precoce destas patologias, detetando sinais e sintomas caraterísticos é primordial. Esta revisão narrativa pretende explanar os dados epidemiológicos publicados sobre as manifestações intraorais resultantes dos diferentes distúrbios alimentares e protocolizar a abordagem clínica das principais lesões decorrentes dessas desordens.

Métodos

Pesquisa na Pubmed de artigos publicados entre 1990 e 2013; Palavras-chave: “Anorexy” OR “Bulimia” AND “Tooth Erosion” OR “Oral signs”. Foram considerados estudos epidemiológicos, in vitro, in vivo e artigos de revisão, que incluíssem manifestações intra-orais e de erosão dentária por distúrbios alimentares.

Resultados

Dos 84 artigos encontrados, 25 cumprem os critérios de inclusão. As lesões de erosão dentária (desgaste nas faces palatinas dos dentes anteriores) são a manifestação clínica mais evidente da existência de aporte de ácido de fonte intrínseca, com prevalência variável entre 12-80%. O aumento bilateral das glândulas parótidas, xerostomia, síndrome de “burning tongue”, periodontite marginal generalizada e irritações laríngeas são também sinais frequentes.

A abordagem clínica deve ser feita no sentido da eliminação dos fatores etiológicos, nomeadamente do vómito recorrente e dos hábitos alimentares incorretos, envolvendo um aconselhamento dietético por equipas multidisciplinares. Ao médico dentista cabe a elaboração de meios de proteção mecânica (goteiras oclusais) e química (meios de reforço mineral e de neutralização ácida) das estruturas do sistema estomatognático.

Conclusões

Os médicos dentistas tem um papel fundamental no reconhecimento de sinais e sintomas intraorais causados por distúrbios alimentares e no desenvolvimento de medidas de controlo dos fatores etiológicos. É necessário elaborar planos profiláticos/terapêuticos de intervenção clínica para estes pacientes.

Implicações clínicas

É importante a protocolização da abordagem dos pacientes com distúrbios alimentares para minimizar perdas de tecido dentário duro e controlar os efeitos nos tecidos biológicos intra-orais.