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Introdução
A identificação humana através de restos mortais consiste numa tarefa árdua na qual a Medicina Dentária Forense pode desempenhar um papel fundamental. Os dentes podem ser o componente mais indestrutível das estruturas calcificadas do ser humano, apresentando enorme resistência a elevadas temperaturas.
A identificação dos corpos sujeitos a temperaturas elevadas poderá ser facilitada com a determinação das restaurações e a sua posição relativa na arcada. Uma vez que os materiais dentários como o amálgama dentário, as resinas compostas e a guta percha, apresentam resistências diferentes quando submetidos a elevadas temperaturas, considera-se relevante investigar as alterações que podem sofrer quando sujeitos a essas condições.
Objetivo
Avaliação do efeito de altas temperaturas na estrutura dentária e em materiais dentários e o seu potencial contributo no processo de identificação humana.
Materiais e métodos
Foram utilizados 40 dentes humanos extraídos, divididos em grupo 1 – restauração com amálgama dentário e grupo 2 – obturação com guta e restauração com resina composta, sendo expostos a temperaturas de 700°C e 1000°C. A avaliação do efeito da temperatura realizou-se através de fotografia e radiografia.
As alterações dentárias categorizaram-se em: componente coronal (sem alterações; com alterações); componente radicular (preservação radicular; alterações radiculares); componente restaurador/obturador (alteração do material; sem alteração do material).
Resultados
Verificou-se que as raízes mantêm a sua estrutura, separando-se da coroa na junção amelo-cementária, independentemente da temperatura. As coroas e as restaurações desfragmentam-se e são visíveis modificações estruturais que diferem dos 700 para os 1000ºC e do tipo de material dentário.
Conclusões
Os dentes e os materiais dentários estudados, apesar das modificações evidentes, mantiveram a sua integridade/estrutura radiográfica, de forma a permitir a sua identificação após exposição a elevadas temperaturas.
Implicações clínicas
O médico dentista deve manter actualizadas as fichas clínicas dos pacientes, pois podem ser solicitados a intervir na identificação de cadáveres carbonizados.