Caracterização de determinantes na colonização oral por leveduras em crianças diabéticas tipo1

Póster > Investigação > Odontopediatria

Galerias do Pavilhão 2 (Expo-Dentária) – 11 Novembro , 11h30-12h30 – Ordem nº

Universidade de Coimbra

Introdução

A diabetes mellitus tipo 1 (DM1) é considerada um factor de risco para infecções fúngicas orais, mantendo-se controverso se estes pacientes são mais acentuadamente colonizados, qual a tradução clínica e factores determinantes.

Objectivos

Comparar a extensão e biodiversidade da colonização oral por leveduras em crianças com DM1 e saudáveis, avaliando eventuais correlações com parâmetros imunoinflamatórios.

Materiais e métodos

Este estudo observacional transversal englobou 133 crianças com DM1 e 72 saudáveis (5-15 anos), seguidas nas consultas de Endocrinologia Pediátrica e Odontopediatria, cumprindo critérios de inclusão e requisitos éticos. As leveduras foram quantificadas e identificadas a partir de colheitas de saliva estimulada e esfregaços da mucosa oral.

As amostras foram espalhadas em placas de Petri (meios de Sabouraud-cloranfenicol), incubadas (30ºC, 48h), quantificadas (CFU/ml saliva ou esfregaço) e identificadas (sequência do fragmento D1/D2 do gene 26 S).

A caracterização imunoinflamatória salivar foi efectuada por citometria de fluxo (BD FACSCalibur™) obtendo-se 10.000 eventos (BD CellQuest™) caracterizados para as populações e subpopulações celulares com o programa Paint-A–Gate™. Na análise dos dados recorreu-se ao SPSS 17® e teste t de Student (p<0,05; IC 95%).

Resultados

40% das crianças não apresentaram leveduras na saliva ou mucosa. O número de diabéticos sem leveduras na mucosa foi estatisticamente superior aos controles (p=0.019). Entre as crianças diabéticas, as descontroladas metabolicamente apresentaram uma colonização da mucosa significativamente superior (p=0.033). A C. albicans foi a espécie mais prevalente, com biodiversidade mais marcada na saliva. As crianças DM1 evidenciaram níveis salivares significativamente aumentados de linfócitos T CD4+ (p=0.006), inversamente proporcionais à colonização passiva por leveduras.

Conclusões e implicações clínicas

As crianças com DM1 metabolicamente descontroladas evidenciam maior colonização mucosa por leveduras, reforçando a importância do controlo adequado da doença. Os níveis salivares aumentados de linfócitos CD4+ nas crianças com DM1 podem proporcionar uma protecção adicional contra a colonização por C. albicans.