Separação, identificação e citotoxicidade de meios condicionados pelo biomaterial Life

Comunicação oral de investigação em dentisteria operatória autoria de Maria Beatriz Ferreira, Mafalda Laranjo, Nelson Pereira, Maria Filomena Botelho e Eunice Virgínia Carrilho

Autores
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Maria Beatriz Ferreira Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra
Mafalda Laranjo Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra
Nelson Pereira CQC, Department of Chemistry, University of Coimbra
Maria Filomena Botelho Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra
Eunice Virgínia Carrilho Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra
Sala 1, 14/11/2019 (09h50), comunicação nº 2 Candidato a prémio

Introdução: A proteção pulpar direta consiste num procedimento minimamente invasivo, no qual é colocado um biomaterial na polpa exposta, para manter a vitalidade do órgão dentário. Em estudos anteriores verificou-se que o biomaterial Life determinou citotoxicidade elevada e morte celular in vitro.

Objetivos: Identificação dos componentes deste biomaterial responsáveis pela diminuição da proliferação e da viabilidade de células odontoblásticas (MDPC-23).

Materiais e Métodos: Culturas celulares foram tratadas com as frações de matéria orgânica e inorgânica do Life, obtidas através da extração líquido-líquido com acetato de etilo, de meios condicionados por este biomaterial. A atividade metabólica foi avaliada (MTT) e os compostos tóxicos foram determinados através de espetroscopia de ressonância magnética nuclear protónica e carbono (1HNMR e 13CNMR) e cromatografia gasosa acoplada com espectrometria de massa (GC-MS).

Resultados: A fase orgânica determinou uma diminuição significativa da atividade metabólica, enquanto que com a inorgânica não foram observados efeitos citotóxicos. Pela análise da espectroscopia, o extrato orgânico foi identificado como uma mistura de isómeros (orto/para/meta) do composto N-etil-toluenosulfonamida.

Discussão: Determinou-se pela primeira vez, qual a fase e o composto responsável pela morte celular associada ao Life. Dado o sucesso clínico moderado deste biomaterial, estes resultados permitem que novos materiais, tendo como base a sua composição, possam ser desenvolvidos com características de biocompatibilidade melhoradas.

Conclusões: Confirmou-se a toxicidade do biomaterial Life nas células MDPC-23. O N-etil-toluenosulfonamida foi identificado como o agente tóxico.

Implicações clínicas: Apesar de já não ser considerado gold-standard, este biomaterial continua a ser amplamente utilizado na prática clínica. Tendo em conta os resultados obtidos, a aplicação deste produto não será recomendada.