19 de novembro, de 11h30 às 13h00

Sala 2

A importância da ergonomia na medicina dentária e prevenção de lesões músculo-esqueléticas

A prática de medicina dentária envolve trabalho de alta precisão, requer atenção e concentração bem como resistência física e mental do médico dentista. Um dos temas mais abordados na ergonomia aplicada à medicina dentária é a postura de trabalho, visto ser fundamental para a prevenção de lesões músculo-esqueléticas (LME).

Desde os anos 70 que é reportado elevada frequência de LME nos dentistas e a prevalência deste tipo de lesões tem aumentado nas últimas décadas. É causa comum de incapacidade ocupacional acarretando consequências substanciais na produtividade e absentismo laboral.

A postura de trabalho é importante para criar condições de trabalho ótimas (acesso, visibilidade e controlo do campo operatório) e condições físicas e psicológicas de forma a poder executar os procedimentos clínicos.

Um dos principais objetivos da ergonomia é a prevenção de doenças ocupacionais músculo-esqueléticas e sintomas que possam agravar estas doenças. A prática da ergonomia na medicina dentária determina como atingir a melhor postura perante o paciente, eliminando quanto for possível fatores de risco biomecânicos.

Relação entre as lesões musculoesquelética e o stress em medicina dentária

O exercício da medicina dentária (MD) é considerado como a profissão, na área da saúde, de maior risco para o aparecimento de stress e de lesões musculoesqueléticas (LME).

Dentistas e estudantes de MD apresentam níveis elevados de stress, ansiedade, depressão, burnout e de queixas de LME.

O stress tem uma correlação positiva com a prevalência de LME: no seu aparecimento, no agravamento e na sua progressão.

Dependendo da cronicidade e duração, o stress pode levar â doença mental, depressão, ansiedade e burnout.

Os Médicos Dentistas Portugueses (MDP) apresentam níveis de stress elevados, superiores aos da população portuguesa.

Mais de 80% dos MDP reconhecem a presença de stress nas suas vidas.

A prevalência de sintomas de LME entre MDP é elevada: 88.2% referem queixas em pelo menos uma zona do corpo durante a última semana e 90.7% no último ano.

Stress e queixas de LME estão positivamente correlacionadas entre si e negativamente relacionadas com a felicidade autêntica-estável e a prática de exercício físico.

Estes resultados podem sugerir que o stress em MD pode ser devido não só à exigência da profissão, mas também aos sintomas das LME.

Em Portugal são elevados os níveis de LME, stress, ansiedade e depressão quer nos dentistas quer nos estudantes de MD.

A formação académica em MD deveria considerar o ensino da gestão de stress, ansiedade e depressão.

O programa Mindness, num estudo piloto com estudantes de MD, revelou redução dos níveis de depressão (32%), stress (34%), ansiedade (64%) e das queixas de LME (88,9%).

Rosário Mexia

Vanessa Silva

Sessão moderada por João Carlos Ramos.