Christian Decobecq

Abordagem multidisciplinar na identificação de vítimas de desastres: o papel da polícia criminal

  • Desde 1976, trabalha na polícia belga em várias funções operacionais (patrulhas anti-gangues), logísticas e técnicas (especialista em armas e munições).
  • Ingressou nas unidades especiais (SWAT Team), em 1992, onde desempenhou funções administrativas e técnicas, especializadas na utilização de explosivos.
  • Voluntário para a equipa não permanente de Identificação de Vítimas de Desastres (DVI), em 1992.
  • Participou em inúmeras missões DVI na Bélgica e no exterior (Romênia, em 1995, Kosovo, em 1999 e 2000).
  • Oficial de projetos internacionais nas unidades especiais para os projetos europeus ATLAS (SWAT Teams) & CSW (Surveillance Teams).
  • Chefe de Departamento do DVI belga, em 2013.
  • Promotor dos cursos europeus DVI da CEPOL (European Police College), em 2014.
  • Formador dos cursos CEPOL DVI, desde 2015.
  • Responsável pela identificação de vítimas mortas após os ataques terroristas de Bruxelas.
  • Promotor, em 2017, da rede europeia de especialistas em DVI.
  • Presidente da rede europeia de especialistas DVI, em 2018 até setembro de 2022.
  • Reformado da polícia a 1 de outubro de 2022.

Nacionalidade: Bélgica

Áreas científicas: Medicina dentária forense

10 de novembro, de 09h00 às 13h00

Sala 2

Resumo da conferência

A identificação de vítimas mortais decorrentes de um desastre é sempre resultado da colaboração de equipas multidisciplinares, seja a nível nacional ou internacional. Em geral, a coordenação dos diversos participantes é assegurada pela polícia criminal responsável pelo processo de identificação, sob a égide das autoridades judiciais.

Por forma a otimizar a colaboração interdisciplinar necessária, e acima de tudo para evitar qualquer disfunção ou erro no terreno, deve ser levada a cabo uma estratégia de coordenação a nível nacional e internacional.

Esta coordenação será conseguida através do estabelecimento de trabalhos de grupo nacionais e internacionais, regidos por protocolos de assistência e processos operacionais interagências.

De uma forma geral, a metodologia de identificação utilizada é a recomendada pela Interpol, reconhecida internacionalmente.

De acordo com os princípios da Interpol, existem várias fases no procedimento de identificação formal e científica das vítimas de um evento de larga escala.

Diferentes atividades serão desenvolvidas para levar a cabo o processo de identificação:

  • recuperação dos corpos do local do incidente;
  • exames “post-mortem” dos restos mortais;
  • recolha de informação “ante-mortem” de familiares das vítimas;
  • comparação da informação “ante & post-mortem”;
  • identificação formal das vítimas;
  • anúncio das más notícias, bem como libertação do corpo aos familiares das vítimas.

Todas estas atividades requerem a colaboração de diferentes equipas no terreno, desde as equipas que estão na linha da frente (bombeiros, militares, proteção civil) até ao pessoal médico (médicos, médicos dentistas, antropólogos, etc).

Este suporte das diferentes disciplinas à Polícia Criminal responsável pela identificação de vítimas é fundamental no processo de identificação.

Escusado será dizer que cada disciplina envolvida no terreno aplica a sua própria metodologia de intervenção e pode, no contexto de um desastre, levar a riscos de disfunção.

Daí a necessidade de implementar medidas preventivas que farão parte da estratégia de coordenação acima referida.

Preparação é a chave do sucesso!