Encerramento de comunicação oroantral com bola de Bichat – caso clínico

Póster de casos clínicos em cirurgia oral, não candidato a prémio, autoria de Ivan Cabo (autor apresentador), Maria Inês Borges, Vladislav Danu, João Abreu e José Pedro Figueiredo.

Autores
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Ivan Cabo Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra
Maria Inês Borges Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra
Vladislav Danu Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra
João Abreu Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra
José Pedro Figueiredo Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra
Não candidato a prémio

Introdução: A comunicação oroantral (COA) define-se como uma via de comunicação patológica entre a cavidade oral e o seio maxilar, sendo a sua epitelização denominada como fístula oroantral. As extrações dentárias na região maxilar posterior são consideradas como um dos principais fatores etiológicos, dada a relação de proximidade entre as raízes destes dentes e o seio maxilar.

Outros fatores etiológicos são as lesões patológicas do seio, trauma, infeções periodontais e cirurgia do complexo maxilofacial (ex: sinus lift e ortognática). A sua presença vai permitir a passagem de microflora oral e a consequente contaminação do seio maxilar, originando, possivelmente, uma sinusite. O tratamento vai desde a conduta expectante à intervenção cirúrgica, estando, ainda, sujeito a condicionantes como a presença de sinusite, a localização e a dimensão da comunicação.

As possibilidades terapêuticas das comunicações oroantrais são, assim, múltiplas, necessitando, frequentemente, de uma abordagem multidisciplinar, fundamental para o sucesso e otimização dos resultados. O médico dentista tem, assim, um papel de extrema importância, seja na triagem da patologia e eventual referenciação, mas também na resolução dos casos clínicos que caibam na sua área de atividade. Descrição do

Caso Clínico: Doente do sexo masculino, 29 anos, recorreu ao Serviço de Urgência por um quadro de agravamento progressivo de dor na região maxilar esquerda, drenagem nasal espontânea de conteúdo purulento e a passagem de líquidos da cavidade oral para o nariz durante a alimentação, após realização de exodontia do dente 28 há 3 meses. Como antecedentes relevantes apresentava, ainda, hábitos tabágicos ativos com uma carga 10 UMA.

À avaliação inicial foi observada a presença de um orifício na região correspondente ao alvéolo edêntulo de 28, com 7mm de maior eixo ao nível do fundo vestibular, tendo o diagnóstico de COA sido estabelecido após confirmação imagiológica com CBCT (Cone Beam Computed Tomography).

Encontrando-se o doente com drenagem purulenta ativa institui-se tratamento com antibiótico (clindamicina 500mg 3id) e da aplicação de um descongestionante nasal (nasomet® 2id), pelo período de 20 dias, registando-se uma melhoria substancial dos sinais e sintomas. Seguiu-se a realização da cirurgia de encerramento da COA com recurso a um retalho pediculado com bola de Bichat (1º plano) e retalho vestibular de avanço (2º plano).

Conclusões: As COA são uma patologia de origem maioritariamente iatrogénica e o tratamento poderá apresentar-se como altamente desafiante. Defendemos o prévio tratamento médico de eventual sinusite maxilar e a realização de técnica cirúrgica de retalho pediculado de Bola de Bichat e retalho vestibular de avanço para o encerramento de COA de dimensão moderada, na localização do 3º molar superior. Trata-se de um procedimento com alto índice de sucesso no encerramento de COA, proporcionando resultados clínicos adequados.