Ausência dos responsáveis na consulta de odontopediatria numa clínica universitária - perceção das crianças – estudo transversal
Póster de investigação clínica em odontopediatria, não candidato a prémio, autoria de Daniela Quaresma (autora apresentadora), Rita Rodrigues, Cristina Cardoso Silva, Sandra Gavinha, Maria Conceição Manso e Cátia Carvalho Silva.
Introdução: A ansiedade dentária é um estado emocional negativo experienciado por pacientes, especialmente, os odontopediátricos. O comportamento da criança durante um tratamento dentário é crucial para o sucesso do mesmo. Objetivos: O objetivo desta investigação residiu em perceber qual a perceção da criança, refletida através da ansiedade desenvolvida e comportamento demonstrado, perante a ausência dos responsáveis na consulta.
Materiais e Métodos: Foi realizado um estudo observacional, transversal, numa clínica médico-dentária universitária, utilizando uma amostra por conveniência. A recolha de dados foi realizada entre fevereiro e maio de 2022, e consistiu na aplicação de um questionário às crianças, no final do atendimento clínico e ao registo de parâmetros relacionados com o comportamento e ansiedade da criança (Escala de Frankl e Escala de Corah), em diferentes momentos da consulta.
Foram considerados elegíveis para participação crianças com idade entre os 2 e os 16 anos de idade sem deficiências físicas e/ou mentais que exigissem um acompanhamento específico durante a consulta odontopediátrica. Esta investigação foi previamente autorizada pela Comissão de Ética da Universidade. Os dados recolhidos foram analisados através do software estatístico IBM SPSS® Statistics vs.28.0, utilizando o teste do Qui-quadrado ou Teste Exato de Fisher, e considerando um nível de significância de 0,05.
Resultados: significância de 0,05. Resultados: Esta amostra (n=52) foi constituída por 51,9% de crianças do género masculino sendo que 46,2% tinham idade compreendida entre os 4 e 9 anos. Foi verificado que o horário da consulta (manhã vs. tarde), a realização de procedimentos com anestesia local e o tipo de procedimento executado não estavam associados com um comportamento negativo.
Relativamente à ansiedade, observou-se que 85,7% das crianças mais ansiosas tinham idades compreendidas entre os 4-9 anos (p=0,024). De igual forma, foi verificado que as crianças mais jovens (62,2%) eram as que apresentavam um comportamento menos colaborante durante o tratamento (p=0,002). É de salientar que as crianças mais jovens (68,2%) reportaram que sentir-se-iam mais confortáveis se o seu responsável estivesse presente na consulta (p=0,024).
Conclusões: No âmbito do atendimento odontopediátrico em clínicas universitárias, pelo elevado número de pacientes em atendimento, em simultâneo, torna-se inviável a presença dos seus responsáveis legais durante o tratamento. Todavia, salienta-se que a presença/ausência dos responsáveis, como técnica básica de controlo de comportamento, não deve ser implementada de forma padronizada. A avaliação de parâmetros individuais, como a maturidade psicológica da criança, têm de ser considerados para que uma decisão entre os vários elementos da tríade “médico dentista-criança-responsável” possa ser tomada sobre a aplicação desta técnica de comportamento.