Conhecimentos dos professores e educadores de infância sobre traumatismos dentários - estudo transversal
Póster de investigação clínica em odontopediatria, não candidato a prémio, autoria de Joana Pedrosa Resende (autora apresentadora), Cláudia Capitão Gonçalves, Viviana Macho, Sandra Gavinha, Maria da Conceição Manso e Cátia Carvalho Silva.
Introdução: Os traumatismos dentários ocorrem maioritariamente em crianças em idade escolar. Neste sentido, torna-se fundamental que os profissionais que contactam diretamente com as crianças estejam habilitados a gerir uma situação traumática.
Objetivos: O objetivo deste trabalho consistiu em avaliar os conhecimentos de professores e educadores de infância de um colégio em V.N. Gaia, assim como, perceber a importância da formação específica destes profissionais na área da traumatologia dentária.
Materiais e Métodos: Foi realizado um estudo transversal observacional, após parecer positivo pela Comissão de Ética da Universidade. Os participantes elegíveis foram professores e educadores de infância, a lecionarem num colégio em V.N. Gaia, no ano letivo 2021-22. Foram excluídos os docentes que lecionavam a crianças com mais de 10 anos. A amostra foi constituída por 32 participantes. Foi aplicado um questionário, previamente validado, em dois momentos diferentes que distaram cerca de 30 dias.
Na primeira sessão foram aplicados, presencialmente, os questionários e, posteriormente, realizada uma ação de sensibilização sobre esta temática. Na segunda sessão foi apenas aplicado o mesmo questionário. Os dados recolhidos foram analisados através do software estatístico IBM SPSS Statisticsvs.28.0, utilizando-se maioritariamente análise bivariada (teste de Qui-quadrado/Exato de Fisher), considerando o nível de significância de 0,05.
Resultados: A amostra foi constituída por 32 participantes. É consensual, entre os participantes a necessidade destes terem formação específica nesta temática (100%). Foi verificado, entre a 1ª e a 2ª sessão, que a ação de sensibilização realizada surtiu uma melhoria marginal nos conhecimentos apreendidos, nomeadamente, sobre o risco de sequelas de um traumatismo na dentição decídua para a dentição permanente (1º: 62,5% vs. 2º: 84,4%, p=0,012), sobre a importância do tempo entre a ocorrência do trauma e a prestação de cuidados (1º: 75% vs. 2º: 90,6%, p<0,001) e sobre o meio de transporte adequado de um dente permanente avulsionado (1º: 37,5% vs. 2º: 56,3%, p<0,001).
Observou-se que esta aquisição de conhecimentos, especificamente, relacionados com a avulsão dentária foi verificada apenas nas questões de natureza teórica. Perante a simulação de situações de avulsão em ambas as dentições, constatou-se que os participantes permaneceram sem conhecimentos satisfatórios (1ºmomento: 81,3% vs. 2º: 31,3%, p<0,001; 1º momento: 53,1% vs. 2º: 25%, p<0,001, respetivamente).
Conclusões: Constatou-se, portanto, que é necessário repensar as estratégias a implementar para a promoção de conhecimentos, por parte da comunidade educativa, uma vez que o método implementado não representou um ganho substancial de conhecimentos na área. Numa perspetiva futura, de forma a ser otimizada a aquisição de conhecimentos por estes profissionais, deve ser equacionada a integração desta temática nos programas curriculares da sua formação.