Efeito dos ômega-3 na estomatite aftosa recorrente: revisão sistemática
Póster de revisão em patologia oral, candidato a prémio, autoria de Manuela Dias (autor apresentador), Rafael Soares, José Frias Bulhosa e Otília Lopes.
Introdução: A estomatite aftosa recorrente é uma das doenças inflamatórias crónicas mais comuns da cavidade oral afetando aproximadamente 5 a 25% da população geral. A sua etiologia e patogénese permanece desconhecida e atualmente não existe nenhum tratamento curativo estabelecido. Nas últimas décadas têm sido realizados diversos estudos sobre os efeitos benéficos dos ômega-3, pois estes possuem características anti-inflamatórias e imunomodeladoras. Métodos: Esta revisão foi registada no PROSPERO com o número CRD42022315349.
A pesquisa bibliográfica foi efetuada na PubMed, Cocrhane Library, Livivo, Lilacs e Google Académico. Esta decorreu em março de 2022 e os termos de pesquisa usados foram: “recurrent aphthous stomatitis”, “ómega-3” e “treatment”, estes foram combinados através do marcador booleano AND e foram considerados artigos publicados de 2012 a março de 2022, em português e em inglês.
Como critérios de inclusão designou-se ensaios clínicos randomizados e não randomizados que comparassem indivíduos saudáveis com estomatite aftosa recorrente que receberam suplementação de ômega-3 como tratamento, com placebo ou outro tipo de tratamento.
Como critérios de exclusão estabeleceu-se estudos efetuados em animais ou in vitro, relato de casos, revisões sistemáticas e artigos que não tivessem resumo e/ou texto completo disponível.
A linha metodológica seguida para a seleção dos artigos é apresentada no diagrama de fluxo PRISMA. O risco de viés dos estudos foi realizado usando a ferramenta da Cochrane: Cochrane risk of bias tool 2.
Resultados: Relativamente ao número médio mensal de úlceras, todos os estudos demonstraram que a suplementação de ômega-3 diminui o número médio mensal de úlceras aos 6 meses de suplementação. Hadian et al. e Nostratzehi e Akar, encontraram uma redução do tamanho das úlceras aos 6 meses de suplementação. Adicionalmente, três estudos avaliaram a duração média dos episódios das úlceras e todos mostraram que a partir dos 3 meses de suplementação as úlceras persistem menos tempo.
Nostratzehi e Akar encontraram uma diminuição da recorrência das úlceras ao 5º mês de suplementação, enquanto Moawad et al. verificaram diferenças a partir do 3º mês. Adicionalmente Hadian et al. verificou aumento do tempo sem úlceras a partir dos 3 meses de suplementação. Relativamente ao sintoma de dor, El Khouli e El-Gendy, verificaram uma melhoria do mesmo a partir dos 3 meses de suplementação. No entanto, no estudo de Nostratzehi e Akar e no de Hadian et al. a melhoria da dor só se verificou aos 6 meses de suplementação.
Conclusões: As evidências disponíveis sugerem que a suplementação com ômega-3 tem potencial terapêutico no controlo da estomatite aftosa recorrente quer como terapia única, quer como terapia coadjuvante de outros tratamentos.