Condrodisplasia metafisária e tratamento ortodôntico - a propósito de um caso clínico

Póster de casos clínicos em ortodontia, candidato a prémio, autoria de Bruna Maniés Silva (autora apresentadora), Madalena Prata Ribeiro, Mathilde Tellechea e Sónia Alves.

Autores
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Bruna Maniés Silva Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra
Madalena Prata Ribeiro Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra
Mathilde Tellechea Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra
Sónia Alves Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra
Candidato a prémio

Introdução: Condrodisplasias são um conjunto heterogéneo de patologias genéticas, caracterizadas por alterações a nível da cartilagem, que se traduzem num desenvolvimento esquelético anómalo. Dentro deste conjunto inserem-se as condrodisplasias metafisárias (CDMs), cujos distúrbios esqueléticos perturbam principalmente o crescimento dos ossos longos. Tanto a classificação como o diagnóstico destas patologias têm por base aspetos clínicos, radiológicos e a componente genética.

Dentro das CMDs existe um conjunto designado colagenopatias do tipo II, resultantes de mutações no gene que codifica a cadeia alfa-1 do colagénio tipo II, o gene COL2A1, culminando num défice essencial para o processo de ossificação endocondral. Assim, estes indivíduos padecem de perturbações nas placas epifisárias, no núcleo pulposo e no humor vítreo. A Displasia Espondiloepimetafisária do tipo de Strudwick (SEMD) é uma entidade rara de cariz autossómico dominante.

Caracterizada clinicamente por uma estatura baixa desproporcional, pectus carinatum, escoliose, lordose, miopia, descolamento da retina, equinovaro, genu valgum, coxa vara, artrite da anca e ainda fenda palatina, embora haja casos descritos com aparência craniofacial normal.

Radiograficamente são detetáveis alterações como dappling metafisário, instabilidade atlanto-axial, hipoplasia do processo odontoide, platispondilia e defeitos epifisários a nível do fémur e da tíbia, entre outros. Os estudos das CDMs a nível ortodôntico são parcos e dirigidos para subtipos específicos, por terem baixa prevalência, estando ausente na literatura casos de tratamento ortodôntico (TO) em indivíduos com SEMD.

Descrição do Caso Clínico: Um doente do sexo masculino, com 14 anos e histórico de SEMD e apneia do sono, foi referenciado para seguimento ortodôntico. O exame objetivo evidenciou estatura baixa desproporcional característica com genu valgum, coxa vara, pectus carinatum e uma face com hipoplasia do terço médio, retrognatia, depressão da ponte nasal e apinhamento dentário.

Os principais problemas ortodônticos observados foram SEMD, classe II esquelética e hiperdivergente, posição apical e vestibular dos dentes 1.3 e 2.3, falta de espaço maxilar e mandibular, overjet e overbite aumentados, curva de Spee mandibular acentuada e mordida profunda. Foi planeado TO com aparelhos fixos multibrackets, barra transpalatina e exodontia dos primeiros pré-molares no maxilar superior. Na mandíbula além do aparelho fixo multibrackets foi realizado stripping.

Conclusões: Importa que os médicos dentistas, ortodontistas e cirurgiões maxilo-faciais tenham conhecimento deste tipo de patologia de forma a adaptar o TO à severidade das anomalias craniofaciais, às patologias funcionais e às alterações estéticas existentes. Desta forma, é possível proporcionar uma oclusão funcional, melhoria da aparência facial e qualidade de vida em doentes com CDM.