Resposta inflamatória in vitro de células periimplantares em contacto com superfícies cerâmicas com propriedades piezoelétricas

Póster de investigação pré-clínica em implantologia, candidato a prémio, autoria de Beatriz Ferreira Fernandes (autora apresentadora), Laura Tiainen, Michael Gasik, Óscar Carvalho, Mariana Brito da Cruz e António Duarte Mata.

Autores
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Beatriz Ferreira Fernandes Faculdade de Medicina Dentária da Universidade de Lisboa
Laura Tiainen Center for Microelectromechanical Systems (CMEMS), Departamento de Engenharia Mecânica, Universidade do Minho, Guimarães, Portugal
Michael Gasik Department of Chemical and Metallurgical Engineering, Aalto University, Espoo, Finlândia
Óscar Carvalho Center for Microelectromechanical Systems (CMEMS), Departamento de Engenharia Mecânica, Universidade do Minho, Guimarães, Portugal
Mariana Brito da Cruz Faculdade de Medicina Dentária da Universidade de Lisboa
António Duarte Mata Faculdade de Medicina Dentária da Universidade de Lisboa
Candidato a prémio

Introdução: A osteointegração é o principal fator de sucesso para os implantes dentários. A fim de otimizar a resposta biológica têm sido investigadas diversas estratégias de tratamento da superfície. Devido às suas propriedades piezoelétricas similares aos efeitos gerados no tecido ósseo em função, a zircónia com titanato de bário (BaTiO3) pode ser uma alternativa para promover a proliferação e diferenciação osteogénicas e, consequentemente, acelerar a osteointegração. No entanto, os potenciais efeitos inflamatórios nos tecidos periimplantares destes materiais não estão definidos. Objetivos: Avaliar a resposta inflamatória de fibroblastos e osteoblastos em contacto com superfícies de zircónia funcionalizada com BaTiO3 com propriedades piezoelétricas.

Materiais e Métodos: Foram produzidos discos de zircónia estabilizada com ítria (YSZ) com 5% de BaTiO3 através de prensagem e sinterização. Foi realizada polarização de contacto em banho de óleo de silício sob campo elétrico de 2kV/mm a 130ºC durante 30min. Foram usados discos de YSZ como controlo. Os osteoblastos humanos (hFOB1.19) e os fibroblastos gengivais (hTERT) foram cultivados nos discos durante 14 dias por métodos previamente descritos. A viabilidade celular foi avaliada aos 1, 3, 7 e 14 dias usando um método comercial à base de resazurina. A IL-1b e IL-6 foram avaliadas nos dias 1 e 3 nas duas culturas celulares e a osteopontina foi medida nos osteoblastos aos 3 e 7 dias usando ELISA. A atividade de fosfatase alcalina (ALP) foi medida através de um ensaio colorimétrico enzimático aos 7 e 14 dias. Todos os resultados foram apresentados como média±intervalo de confiança (CI). Foram realizadas comparações entre grupos através do teste ANOVA ou Kruskal-Wallis (post-hoc de Tukey), conforme apropriado, utilizando software de estatística. A significância foi definida como p<0,05.

Resultados: A viabilidade celular aumentou ao longo do tempo em todos os grupos em ambas as culturas. Nos osteoblastos a viabilidade foi significativamente menor no grupo não polarizado em comparação com o grupo polarizado aos 14 dias. Não foram observadas diferenças significativas nos valores da viabilidade dos fibroblastos. Embora se tenha observado atividade da ALP significativamente superior no grupo polarizado aos 7 dias e no grupo YSZ aos 14 dias em comparação com o grupo não polarizado, não foram observadas diferenças significativas na secreção de osteopontina.

Relativamente aos marcadores inflamatórios dos osteoblastos, a IL-1b mantém-se constante e um aumento da IL-6 foi observado no grupo polarizado, mas sem diferenças significativas entre grupos. A secreção de IL-1b dos fibroblastos foi semelhante à encontrada nos osteoblastos, com valores constantes ao longo do tempo e sem diferenças significativas. Contudo, a secreção da IL-6 diminuiu em todos os grupos com valores significativamente inferiores no grupo não polarizado em comparação com YSZ aos 3 dias (p>0,05).

Conclusões: As superfícies de YSZ com BaTiO3 não revelam citotoxicidade para nas células dos tecidos periimplantares. Adicionalmente, o contacto com superfícies com ou sem propriedades piezoelétricas não parece afetar significativamente a diferenciação e o perfil inflamatório das células. No entanto, a adição de BaTiO3 às amostras sem propriedades piezoelétricas pode ter um potencial efeito inibitório na atividade inflamatória dos fibroblastos mediada por IL-6.