Avaliação do efeito de diferentes desinfetantes cavitários na adesão à dentina de dentes permanentes
Comunicação oral de investigação pré-clínica em cariologia, não candidata a prémio, autoria de Maria Antunes (autora apresentadora), Ana Sofia Coelho, Inês Amaro, Eunice Virgínia Carrilho, Luís Vilhena e Amílcar Ramalho
Introdução: A cárie dentária resulta de um desequilíbrio do ciclo contínuo de desmineralização e remineralização do esmalte dentário. Após a eliminação da lesão de cárie dentária, alguns microrganismos podem permanecer viáveis na estrutura dentária, o que pode comprometer o sucesso da reabilitação.
Assim, a desinfeção cavitária é um procedimento importante a realizar previamente à restauração da estrutura remanescente. Objetivos: Avaliar o efeito de cinco desinfetantes cavitários na adesão de resina composta à dentina de dentes permanentes.
Materiais e Métodos: O terço oclusal de 60 molares íntegros foi seccionado. Os dentes foram distribuídos aleatoriamente por 6 grupos (10 dentes cada): 1 – Controlo (sem aplicação prévia de desinfetante); 2 – Desinfeção com Clorohexidina (0,20%); 3 – Desinfeção com Aloé vera; 4 – Desinfeção com Glutaraldeído (5%); 5 – Desinfeção com EDTA (17%); 6 – Desinfeção com Etanol (100%). Os desinfetantes cavitários foram aplicados ativamente, seguindo-se a lavagem e secagem com ar.
O sistema adesivo foi aplicado ativamente e fotopolimerizado. Foram aplicados 2-3 incrementos de resina composta com o auxílio de cilindros de polietileno (3mm de diâmetro e 2 mm de altura), seguindo-se a fotopolimerização. As amostras preparadas foram avaliadas in vitro. Todos os dados foram analisados pelos testes de Kruskal-Wallis e post-hoc de Dunn e o nível de significância assumido foi de 5%.
Resultados: Verificaram-se diferenças significativas quanto à força de adesão entre os grupos Controlo e Clorohexidina (p=0,003), Controlo e Etanol (p=0,008) e Controlo e EDTA (p=0,009). Em relação ao trabalho de descolamento, verificaram-se diferenças significativas entre os grupos Controlo e Clorohexidina (p=0,011) e Controlo e Glutaraldeído (p=0,015). Em relação ao módulo de rigidez, foram também identificadas diferenças significativas entre os grupos Aloé vera e EDTA (p=0,018), Glutaraldeído e EDTA (p<0,001), Glutaraldeído e Etanol (p=0,003), Glutaraldeído e Clorexidina (p=0,007) e Glutaraldeído e Controlo (p=0,043).
Conclusões: A utilização de Clorohexidina, Etanol, EDTA, Glutaraldeído e Aloé Vera como desinfetantes cavitários não prejudicou a adesão estabelecida entre a dentina de dentes permanentes e a resina composta, in vitro. Considerando os resultados positivos, e apesar de haver uma necessidade de estudos clínicos que os sustentem, todos os desinfetantes parecem ser boas escolhas como agentes de pré-tratamento.
Comunicação oral nº 5, 17/11/2022, 11h30, Sala 1.