O turismo de saúde e científico merecem ter uma agenda nacional, recomendou ontem a Assembleia da República ao Governo. Esta medida deve ser articulada com os ministérios da Economia e da Saúde, com o envolvimento das regiões autónomas.

Esta posição faz parte das resoluções nº 200/2017 (turismo de saúde) e nº 197/2017 (turismo científico) [pdf] publicadas ontem, 10 de agosto de 2017, no Diário da República.

Para implementar a estratégia nacional para o turismo de saúde, deve-se começar por definir os aspetos essenciais e mercados mais relevantes, defende a Assembleia da República.

Após o diagnóstico dos pontos fortes e fracos do País, deve ser elaborado um plano de ação que “assegure a colaboração multidisciplinar entre os prestadores de cuidados médicos (instituições públicas e privadas, e profissionais de saúde) e os fornecedores de serviços turísticos (companhias de aviação, hotéis, agências de viagens, serviços de lazer)”.

É necessário definir medidas “que contribuam para aumentar a reputação internacional das unidades de saúde portuguesas através do licenciamento e certificação externos (promovendo e divulgando as unidades existentes e incentivando uma abordagem baseada em padrões internacionais)”.

O bastonário da Ordem dos Médicos Dentistas salienta que “as clínicas e consultórios de medicina dentária, com um regime de licenciamento que cumpre com os mais altos parâmetros de exigência internacionais, poderão ser mais proativas no sentido de atrair cidadãos de outros países da União Europeia para obter serviços de medicina dentária em Portugal.”

“Também o elevado número de emigrantes e turistas que nos procuram, bem como os residentes estrangeiros em Portugal, em número crescente, constituem um importante segmento a ter em conta nesta vertente do turismo em saúde”, acrescenta Orlando Monteiro da Silva.

A recomendação sobre o turismo científico destaca a pertinência das universidades públicas e privadas elaborarem e fomentarem planos que contribuam para atrair alunos estrangeiros. Esta ideia está em linha com posições anteriores da Ordem dos Médicos Dentistas.

Ainda recentemente, na apresentação dos Números da Ordem 2017, o bastonário explicou que “a medicina dentária em Portugal é das mais evoluídas do mundo e tem tido um reconhecimento internacional crescente. É esta a justificação para o aumento do número de alunos estrangeiros que optam por fazer a sua formação no nosso país para depois exercerem nos seus países de origem.”

“Esta é, sem dúvida, uma oportunidade a explorar pelas faculdades em Portugal, porque permite reduzir o número de alunos portugueses sem perda de receita. Seria uma forma de estas instituições, publicas e privadas, contribuírem para a minimização do problema flagrante que é o excesso de médicos dentistas”, conclui o bastonário.