Os medicamentos para deixar de fumar sujeitos a receita médica são desde janeiro comparticipados pelo Estado em 37%, tendo sido integrados no escalão C, numa medida de prevenção do tabagismo que vai custar 1,3 milhões de euros por ano.

Marta Resende, representante da Ordem dos Médicos Dentistas (OMD) no Grupo Técnico-Consultivo do Tabaco da Direção-Geral da Saúde, saúda esta medida e refere que “os fumadores que abandonam o consumo de tabaco diminuem o risco de desenvolver e morrer de doenças relacionadas com o tabaco. A evidência científica disponível mostra que intervenções farmacológicas como a terapia de substituição da nicotina, quando acompanhadas de apoio comportamental, aumentam as taxas de sucesso da cessação. No entanto, tratando-se de terapêuticas dispendiosas, a comparticipação do Estado em 37% faz todo o sentido, até porque o tabagismo é uma dependência que deve ser tratada como uma doença à semelhança de outras.”

O tabagismo é um dos principais fatores de risco da saúde oral e, por isso, Marta Resende apela aos médicos dentistas que “redobrem os cuidados e alertas com os doentes fumadores, e que lhes expliquem como funciona e as vantagens da terapia de substituição, mais acessível com a comparticipação do Estado.”

Os últimos dados do Eurobarómetro mostram que 25% dos portugueses fuma e que destes apenas 32% já tentou abandonar o hábito, um número muito abaixo dos 59% registados na União Europeia.

Em Portugal morrem anualmente mais de 10 mil pessoas com doenças relacionadas com o consumo de tabaco. Uma em cada cinco mortes, entre os 45 e os 64 anos, são atribuíveis ao consumo do tabaco, sendo que os homens são os principais afetados pelo tabagismo, com o cancro a surgir como a principal causa de morte. Os dados do Eurobarómetro explicam esta diferença com o facto haver mais os homens a fumar (34%) do que as mulheres (18%).