O ministro da Saúde, Paulo Macedo, já mostrou abertura para ponderar o alargamento do cheque dentista, informou o coordenador do Programa Nacional de Promoção da Saúde Oral, Rui Calado (ouvir declarações à RTP e Antena 1), em declarações à margem da comemoração do Dia Mundial da Saúde Oral 2015, assinalado em Lisboa a 20 de março de 2015 (consulte o programa do evento).

Durante a cerimónia, também foram dadas a conhecer as conclusões do III Estudo Nacional de Prevalência das Doenças Orais 6, 12 e 18 anos mostra que a incidência de cáries dentárias tem vindo a diminuir nos últimos anos, mas que ainda há um caminho a percorrer, em especial na primeira infância, para se atingirem as metas preconizadas pela Organização Mundial de Saúde para 2020, na dentição temporária.

Os resultados do estudo, que foi apresentado esta sexta-feira numa cerimónia que assinalou o Dia Mundial da Saúde Oral e foi elaborado pela Direção-Geral de Saúde em parceria com a Ordem dos Médicos Dentistas (OMD), mostram uma evolução favorável nas várias faixas etárias até aos 18 anos.

O secretário geral da OMD e um dos autores do estudo, Paulo Ribeiro de Melo, salienta que “os ganhos conseguidos são assinaláveis e resultam de um trabalho de colaboração entre a OMD e os Ministérios da Saúde e da Educação. A rede de escolas tem tido um papel decisivo nos resultados alcançados e é também por isso que temos de nos congratular com a abertura do Ministério da Saúde para alargar o programa cheque dentista até aos 18 anos”.


Paulo Ribeiro de Melo, secretário geral da Ordem dos Médicos Dentistas.

As conclusões do estudo revelam que entre os anos 2000 e 2013, o número de cáries dentárias diminuiu 21% nas crianças de seis anos. No ano 2000, apenas 33% das crianças com seis anos estavam livres de cáries, valor que subiu para 54% em 2013. Uma evolução semelhante à que se regista nas crianças de 12 anos, em que 53% não tem cárie dentária. Aos 18 anos, apenas 32,4% dos jovens não tem cáries.

A melhoria da situação de saúde na dentição permanente em crianças e jovens com menos de 18 anos resulta não só da redução dos níveis de doença, mas também do aumento da resposta às suas necessidades curativas. Aos 12 anos, a média de dentes cariados por pessoa baixou 50% passando de 0,75 para 0,37 e a média de dentes tratados aumentou cerca de 15%, de 0,65 para 0,74 o que significa que baixou a quantidade de doença e que dois em cada três dentes cariados estão tratados. Estes níveis de doença são medidos através de um índice (CPO) médio por pessoa que contabiliza o número de dentes cariados, obturados e extraídos (perdidos). Os resultados deste índice aos 12 anos (1,18) já ultrapassam as metas preconizadas pela OMS para 2020, que eram de 1,50.


Rui Calado, coordenador do Programa Nacional de Promoção da Saúde Oral, apresenta os resultados do “III Estudo Nacional de Prevalência das Doenças Orais 6, 12 e 18 anos”.

Paulo Ribeiro de Melo considera que “os ganhos são assinaláveis e justificam-se pela implementação do Programa Nacional de Promoção da Saúde Oral, conhecido por cheque-dentista, que permite às crianças, mesmo as mais carenciadas, aceder a consultas de medicina dentária. Esta evolução justifica plenamente a manutenção do programa e até do seu alargamento”.

Para além da redução de cáries dentárias, o estudo mostra uma evolução igualmente favorável no caso de dentes tratados e com menos dentes perdidos, sendo que esta melhoria da situação de saúde oral verificada nas crianças e jovens é transversal a todas as Regiões de Saúde de Portugal.

É ainda possível confirmar que a prevalência e a gravidade da cárie dentária é maior em crianças de estratos socioeconomicamente mais desfavorecidos e que habitam fora dos grandes centros urbanos.

O estudo mostra ainda que os hábitos básicos de higiene oral nas crianças e jovens estão a aumentar. Aos seis anos, 79% das crianças diz escovar os dentes todos os dias, aos 12 anos são quase 90% e aos 18 anos 96%.

Para Paulo Ribeiro de Melo, esta “aposta na prevenção e no tratamento precoce vai traduzir-se em enormes ganhos no futuro, ainda temos um caminho a percorrer, mas seguramente que não vamos ter daqui a 30 ou 40 anos um número de idosos desdentados tão elevado como temos agora. Menos doenças orais também significa mais saúde, porque a saúde oral não pode ser dissociada da saúde em geral”.

As crianças e jovens são os principais utilizadores do programa cheque dentista, que abrange também idosos com o complemento solidário, grávidas e portadores do VIH.

No ano passado, a taxa de utilização do cheque dentista subiu para 74%, tendo sido utilizados 406.689 cheques-dentista. Desde o início do programa já foram utilizados 2.378.363 de cheques para um total de 7.298.305 de tratamentos de medicina dentária.

De salientar que 60% dos cheques dentista foram usados em procedimentos preventivos, ou seja, na aplicação de selantes de fissuras. No total, foram tratadas 4.334.877 de cáries contra apenas 207.239 extrações de dentes, o que representa somente 3% dos tratamentos efetuados.


Orlando Monteiro da Silva (à esquerda), bastonário da Ordem dos Médicos Dentistas, e Francisco George, diretor Geral da Saúde.


Fernando Leal da Costa, secretário de Estado Adjunto do Ministro da Saúde.

 

 

 

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