A Ordem dos Médicos Dentistas (OMD), em estreita colaboração com a Federação Dentária Internacional (FDI), comemora esta quarta-feira, 12 de Setembro, o Dia Mundial da Saúde Oral 2012, e põe em evidência o documento “Visão 2020” como uma resposta estratégica a longo prazo face aos principais desafios que a saúde oral enfrenta.

A doença oral – como a cárie dentária, as doenças periodontais ou o cancro oral – é a quarta doença mais dispendiosa de tratar em todo o mundo, de acordo com a OMS, sendo também uma das de mais fácil prevenção. A FDI estima ainda que a cárie dentária afete a maioria dos adultos e 60 a 90% das crianças em idade escolar, causando anualmente milhões de faltas escolares. A nível global, a periodontite é das principais causas da perda de dentes nos adultos, e o cancro oral é o oitavo mais comum e mais dispendioso.

Face a estes desafios, o relatório “Visão 2020”, elaborado por um vasto número de especialistas internacionais em medicina dentária e apresentado oficialmente no recente congresso anual da FDI (Hong Kong, de 29 de Agosto a 1 de Setembro), estabelece a data de 2020 como prazo ideal para um novo modelo de cuidados de saúde oral.

O documento agora apresentado define cinco áreas prioritárias para um novo modelo que se quer mais justo e eficaz: 1) Dar resposta à crescente necessidade e procura de cuidados de saúde oral; 2) Alargar o papel dos profissionais de saúde oral; 3) Construir um modelo educacional responsivo; 4) Atenuar os impactos da dinâmica socioeconómica; e 5) Promover investigação e tecnologia essenciais e translacionais.

Para Orlando Monteiro da Silva, bastonário da OMD e presidente da FDI, “a saúde oral é um direito humano básico e a sua contribuição é fundamental para uma boa qualidade de vida. Há uma ligação estreita entre saúde oral e outras doenças crónicas e potencialmente fatais. As doenças orais partilham fatores de risco com as Doenças Não Transmissíveis (DNTs) mais comuns, tais como as doenças cardiovasculares ou a diabetes. É expectável que à medida que se agravem as doenças orais, se assista a uma maior incidência de todas as doenças associadas, com um custo tremendo para a sociedade.”

De acordo com o Fórum Económico Mundial, o impacto económico global das cinco principais DNTs – cardiovasculares, respiratórias crónicas, cancro, diabetes e problemas de saúde mental – pode ascender a um total de 47 triliões de dólares em 2030. Um valor que representa aproximadamente 4% do PIB mundial anual.

O relatório chama ainda a atenção para as enormes desigualdades no acesso a cuidados de saúde adequados. De acordo com o estudo, a nível global, apenas 60% da população mundial disfruta de acesso a cuidados de saúde oral adequados, variando entre os 21,2% no Burkina Faso e os 94,3% na Eslováquia.

A densidade de médicos dentistas qualificados varia entre 1 médico dentista por 560 pessoas na Croácia e 1 médico dentista por 1.278.446 na Etiópia. Refletindo um forte gradiente social, em quase todos os países, os adultos mais favorecidos disfrutam de um maior acesso, comparativamente com os menos favorecidos.

Como termo de comparação, Portugal, de acordo com o documento “Os Números da Ordem – Estatísticas 2012”, regista atualmente um médico dentista por cada 1.503 habitantes.

Estas desigualdades têm causas distintas entre países, tais como a desigual distribuição geográfica de profissionais qualificados a nível mundial, mas também dentro dos próprios países, tais como a incapacidade de custear tratamentos orais em alguns segmentos da população.

“O ‘Visão 2020’ é um documento que tem por objetivo ser inspirador e motivador, e temos a convicção de que se trata de uma sólida base de trabalho para, adequada e atempadamente, moldar o futuro da saúde oral nos próximos anos. Os desafios identificados devem receber a atenção devida e os recursos suficientes para um eficaz combate à propagação da doença oral. Urge atuar no imediato para evitar danos maiores no futuro”, afirma Orlando Monteiro da Silva.

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