O estudo publicado pela Academy of General Dentistry revela que os danos provocados nos dentes devido ao consumo frequente de bebidas energéticas e de bebidas isotónicas.

A investigação, realizada na Universidade de Southern Illinois, demonstra que os elevados níveis de acidez destas bebidas, corroem o esmalte que reveste os dentes desmineralizando-o de forma generalizada. Nalgumas das bebidas analisadas bastaram cinco dias de consumo diário para que o esmalte dentário começasse a deteriorar-se.

Os autores do estudo analisaram 13 bebidas isotónicas e nove bebidas energéticas, concluindo que os níveis de acidez variam e também na mesma marca, em função dos diferentes sabores que, por vezes, implicam uma maior acidez.

Os cientistas mergulharam amostras de esmalte dentário humano em diferentes bebidas energéticas e isotónicas. De seguida, as amostras foram mergulhadas em saliva artificial, que reproduz no laboratório a capacidade que tem a saliva humana deremineralizar o esmalte.

Os resultados demonstram que ambas danificam o esmalte, mas o maior potencial de danos está nas bebidas energéticas que é o dobro das bebidas isotónicas.

A perda de esmalte pode ser irreversível, quando continuada no tempo, e leva ao amarelecimento dos dentes,porque só é possível branquear dentes que tenham esmalte. Provoca também a uma maior susceptibilidade para a sensibilidade dentária ao frio, aos doces e aos alimentos ácidos.

Por isso, os cientistas aconselham a quem toma este tipo de bebidas a esperar pelo menos uma hora antes de lavar os dentes, caso contrário, o escovar dos dentes agrava o efeito da desmineralização.

Mário Jorge Silva, professor da Faculdade de Medicina Dentária da Universidade do Porto e membro da Ordem dos Médicos Dentistas, refere que “a cárie dentária, que continua a ser muito prevalente, deixou de ser o foco único e porventura o mais importante da nossa preocupação. A perda generalizada de estrutura dentária é cada vez mais devida a fatores que não eram muito valorizados no passado porque não tinham a dimensão que têm hoje.

O flúor contido nas pastas dentífricas e que pode ajudar na prevenção das cáries, pouco contribuirá para neutralizar a ação dos ácidos e açucares contidos nestas bebidas isotónicas e energéticas.

Atualmente há uma grande preocupação com a aparência do sorriso que passa naturalmente pela escovagem dos dentes, e isso é muito bom. Porém, o flúor contido nas pastas dentífricas e que pode ajudar na prevenção das cáries, pouco contribuirá para neutralizar a ação dos ácidos e açucares contidos nestas bebidas isotónicas e energéticas, porque a escovagem dos dentes, por si só, é uma agressão mecânica grave sobre um esmalte que se encontra fragilizado.

Por isso, aconselhamos a não escovar os dentes depois da ingestão deste tipo de bebidas. Há que esperar; a saliva vai recalcificar o esmalte e a dentina exposta e isso leva o seu tempo, só depois deveremos escovar os dentes.

Já agora e a propósito, nunca se devem escovar dentes sensíveis, porque estão temporariamente descalcificados. Nestes casos, o ideal é bochechar com elixires fluoretados. E depois temos o que nos parece óbvio, que é não exagerar no consumo destas bebidas, especialmente quando se trata de um hábito diário”.

Nos EUA, entre 30 a 50% dos adolescentes consomem regularmente bebidas energéticas e/ou isotónicas e destes 62% admitem beber pelo menos uma dose por dia.

Embora não existam números para o consumo destas bebidas em Portugal, a Ordem dos Médicos Dentistas deixa o alerta a pais e adolescentes para terem atenção às quantidades ingeridas sob pena de poderem vir a sofrer de graves problemas de saúde oral.