Michael MacCullough

Epidemiologia do cancro oral: estarão os padrões mudar?

Professor regente do prégrado e pósgrado de medicina oral na Escola Dentária de Melbourne, Universidade de Melbourne.

Mais de 50 artigos científicos publicados em revistas da especialidade “peer reviewed”.

Integrou o painel de “experts” para o livro recentemente publicado “Oral and Dental” de guidelines terapêuticas.

Chefia o Comité de Terapêuticas da ADA.

Pertence ao grupo editorial e é autor da coluna “Dental Comments” da revista Australian Prescriber.

Consultor clínico do Hospital Dentário de Melbourne e do Real Hospital de Melbourne.

Nacionalidade: Austrália

Área científica: Medicina oral

2014/11/07 11:00 – 2014/11/07 12:00 | Auditório C

Resumo da apresentação

O cancro oral é o décimo primeiro tipo de cancro mais comum no mundo. O cancro oral mais comum é o carcinoma epidermóide (CE), que representa mais de 90% de todos os cancros orais e, se diagnosticado precocemente, tem uma taxa de sobrevivência aos cinco anos de aproximadamente 85%.

No entanto, a fase inicial do cancro oral é, muitas vezes, assintomática e a maioria dos pacientes procura atendimento apenas quando os sintomas estão em estágio exacerbado (dor, ulceração persistente, hemorragia inexplicável ou presença de uma massa na cavidade oral ou no pescoço), momento em que a doença está avançada e por isso a taxa de sobrevivência a cinco anos diminui para 15 a 50%. A deteção precoce do cancro oral é, portanto, fundamental para melhorar a taxa de sobrevivência e o prognóstico dos pacientes com a doença. As técnicas de diagnóstico atuais focam a deteção de lesões potencialmente pré-malignas e malignas na cavidade oral.

As lesões iniciais podem apresentar-se como úlceras incuráveis, mudança de cor das mucosas, dor, sensibilidade ou dormência, protuberância ou mucosas ásperas, fibrosadas, encrostadas ou com áreas erodidas. Exames abrangentes regulares da cavidade oral formam a espinha dorsal do rastreio do cancro oral. No entanto, lesões subtis podem não ser detetadas, e é difícil fazer uma distinção visual entre lesões benignas, pré-malignas e malignas.

Técnicas adjuvantes têm sido desenvolvidas nos últimos anos para facilitar essa distinção e aumentar a eficácia dos exames orais. Técnicas como a coloração vital (com azul de toluidina) e técnicas auxiliares de visualização (ViziLite, VELscope e, mais recentemente Identafi) destacam a mucosa anormal, identificando tecidos submetidos a rápida divisão celular e áreas de alta atividade metabólica. Outra técnica auxiliar emprega amostragens trans-epiteliais da mucosa oral para análise citológica (Sistema de teste OralCDx Brush).

A presente palestra vai complementar a do Professor Porter com uma discussão sobre a alteração da epidemiologia do cancro oral; recentes evidências de uma mudança no papel do tabaco; do mecanismo pelo qual o álcool pode afetar a cavidade oral, bem como mais uma evidência do papel potencial dos fungos intra-orais na etiologia do cancro oral. Finalmente, irão ser apresentados vários estudos para avaliar algumas ferramentas clínicas para o reconhecimento precoce de alterações da mucosa.