Apresentação

João F. C. Carvalho: “Quando Deus quer e os homens sonham, a Obra nasce”

Recuemos 25 anos. Sabe quais os temas que se discutiam na época? Em 1992, a APMD (Associação Profissional dos Médicos Dentistas) integrava quase 1.000 profissionais e já defendia a inclusão de “cuidados curativos e preventivos” de medicina dentária no SNS. Um processo que foi reiteradamente discutido com os sucessivos Governos e que, como sabemos, teve desenvolvimentos nos últimos meses.

Quem participou no I Congresso acrescentará que também se debatia a mais-valia da formação contínua, um projeto que é hoje um caso de sucesso e disponibilizado aos quase 9.000 médicos dentistas. No início da década de 90, quando os profissionais de saúde oral se dividiam em estomatologistas, odontologistas e cirurgiões-dentistas, os primeiros médicos dentistas lutavam pelo reconhecimento da sua profissão, tanto no seio da Ordem dos Médicos, como perante a sociedade. Uma emancipação alcançada com a constituição da APMD.

Ultrapassado o primeiro desafio, a realização de um congresso que reunisse a classe e debatesse os assuntos a que ela diziam respeito figurou-se como o passo natural. “O aparecimento em agosto de 1991 da organização profissional (APMD) que reconhecia oficialmente os médicos dentistas foi um motivo de grande júbilo para todos. […] Para tal, decidi a realização de um grande Congresso com um programa onde oradores estrangeiros de renome estiveram presentes”.

As palavras de João F. C. Carvalho, o primeiro presidente da APMD, dizem respeito ao painel de conferencistas que tornaram realidade o sonho de um encontro nacional assente num excelente programa científico. Parafraseando Fernando Pessoa, lembrou que “quando Deus quer e os homens sonham, a Obra nasce”, dando assim início ao debate da medicina dentária em Portugal.

Foi no Fórum da Maia, na cidade da Maia, no Porto, que se materializou o I Congresso da APMD, menos de dois anos depois da criação da Associação Profissional e um ano após as eleições para os primeiros órgãos dirigentes. O nível de participação já fazia prever um futuro risonho: 350 médicos dentistas, 56 estomatologistas, 5 médicos, 5 higienistas orais, 163 assistentes dentárias, 118 alunos de medicina dentária, 25 palestrantes e 40 empresas expositoras.

“Um êxito além das expectativas”, assegurou Sampaio Fernandes, da Comissão Organizadora do Congresso de 1992. Afinal, o primeiro grande evento da APMD contou na primeira edição com os oradores internacionais A. Zanetti, Graham J. Roberts, Simon Perelmuter, Philippe Lemaître, Jack W. Vincent e A. Vervelle, que se juntaram ao excecional grupo de conferencistas portugueses.

Um hábito que se mantém até à atualidade, sendo que na edição deste ano estão já confirmados Domingo Martín, Eva Berroeta, Federico Ferraris, Javier Gil Mür, Mitsuhiro Tsukiboshi, Nicola West, Nigel Pitts, Waldemar Polido e Walter Devoto.

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João F. C. Carvalho, presidente da APMD.

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Congressistas.

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