Entre 1 de março de 2014 e 31 de outubro de 2019, ao abrigo do Projeto de Intervenção Precoce no Cancro Oral (PIPCO) foram realizadas 5.136 biópsias, através das quais foi possível detetar 270 lesões potencialmente malignas e 239 malignas.

Na semana em que se assinala o Dia Mundial de Luta contra o Cancro, o médico dentista Filipe Freitas abordou, em entrevista à TVI, a importância do médico dentista na prevenção do cancro oral. Este é o sexto tipo de cancro mais comum em todo o mundo e é também um dos que apresenta uma taxa de mortalidade mais elevada. Isto porque, como explicou o membro da Comissão de Acompanhamento do PIPCO da OMD, “numa fase inicial, a maioria destes tumores são assintomáticos”.

“A visita ao médico dentista é a melhor atitude para alcançar o diagnóstico precoce”, esclareceu. Quando detetado precocemente, o cancro oral tem uma taxa de sobrevivência de 90% ao fim de cinco anos.

O cancro oral engloba os tumores malignos que afetam qualquer tecido da cavidade oral, como os lábios, faringe ou amígdalas, por exemplo.

De acordo com os números da Direção-Geral da Saúde (DGS), as lesões potencialmente malignas foram identificadas maioritariamente em mulheres (60%), com idades entre os 40 e os 64 anos (58%). As três principais localizações foram a mucosa jugal (57%), a língua (22%) e o lábio 8%), sendo que 76% foram diagnosticadas Liquen Plano.

Já as lesões malignas verificaram-se maioritariamente em homens, com idade igual ou superior a 65 anos. As principais localizações situaram-se na língua (cerca de 36%) e no lábio (33%), sendo que 99% corresponde a carcinoma espinocelular.

O PIPCO é um projeto criado de raiz pela OMD e DGS, com um conceito inovador que integra médicos dentistas, médicos de família, médicos hospitalares, hospitais e laboratório de referência. Atualmente, as metas estabelecidas para o programa consistem numa maior divulgação do PIPCO junto da população e dos médicos de família e na promoção da adesão de mais médicos dentistas.