A luta contra o cancro oral está cada vez mais eficaz desde o lançamento do Programa de Intervenção Precoce de Cancro Oral (PIPCO) em 2014. Só no ano passado foram realizadas 661 biópsias através deste programa.

Os dados do ano passado mostram que o PIPCO está a crescer face ao ano anterior. O programa começou em março de 2014, tendo sido emitidos 2401 cheques diagnóstico até ao final desse ano, número que subiu para 3836 entre janeiro e dezembro do ano passado.

O número de cheques biópsia mais do que duplicou de 269 cheques utilizados em 2014 para 661 em 2015.

Paulo Ribeiro de Melo, dirigente da Ordem dos Médicos Dentistas, revela que “embora não sendo comparáveis, porque em 2014 o programa teve início mais tarde, podemos registar uma evolução positiva e acreditamos que este ano o PIPCO terá ainda melhores resultados. Queremos que a taxa de utilização cresça para os níveis do programa cheque dentista. É importante que os médicos de família sejam mais proactivos na divulgação do programa junto dos seus doentes, sobretudo os que têm mais de 40 anos e são fumadores e/ou consumidores de álcool, que são quem apresenta maior risco de cancro oral”.

Dos 3836 cheques diagnóstico emitidos no ano passado foram utilizados 1421, destes 703 deram origem à emissão de um cheque biópsia por parte do médico dentista, tendo sido utilizados 661.

Foram detetadas 23 biópsias positivas, mais 9 que em 2014, sendo os doentes encaminhados para o seu IPO – Instituto de Oncologia de referência. Registaram-se ainda 49 resultados de biópsias potencialmente malignas.

A região Norte foi a que apresentou mais casos positivos, 16, e potencialmente malignos, 34, à semelhança do que já tinha acontecido em 2014.

Todos os casos analisados apresentaram resultado negativo para o HPV, o vírus do Papiloma Humano.

Paulo Ribeiro de Melo salienta que “estes resultados positivos referem-se apenas a doentes que beneficiaram do PIPCO não estando contabilizados outros doentes. O objetivo do PIPCO é garantir que a deteção do cancro oral seja efetuada o mais cedo possível, pois este será o meio que permite salvar mais vidas e manter a qualidade de vida dos doentes. O cancro oral é tratável, mas devido à sua deteção tardia é dos mais mortíferos”.

Os últimos números disponibilizados pela Federação Dentária Internacional referem-se a 2012 e dão conta de mais de 299 mil casos de cancro oral em todo o mundo, tendo provocado mais de 145 mil mortos. A taxa de sobrevivência do cancro oral a 5 anos ronda os 50% e é uma das mais baixas de todos os cancros. Ou seja, é dos cancros que mata mais doentes ao fim de cinco anos.