As conclusões do segundo Barómetro Nacional de Saúde Oral revelam que 46,7% dos portugueses não consultam um médico dentista há mais de um ano, sendo que quando questionados sobre a regularidade com que vão a consultas de medicina dentária há 9,5% que responde nunca.

Há ainda 7,7% de portugueses que não vão ao médico dentista há pelo menos 5 anos e 34,3% nunca visita o médico dentista ou apenas o fazem em caso de urgência. São dados do II Barómetro Nacional de Saúde Oral realizado, este ano, pela consultora QSP em todo o país, incluindo as regiões autónomas.

Mulheres, jovens, residentes no Interior Norte e de classe social mais elevada são quem mais marca consultas no médico dentista, estando no extremo oposto os mais idosos, habitantes no sul do país e da classe social D, a que tem menores rendimentos.

Para o bastonário da Ordem dos Médicos Dentistas, Orlando Monteiro da Silva, “estes dados são preocupantes devido ao impacto que a saúde oral tem nas doenças cardiovasculares, diabetes e outras e que estão intimamente ligadas à alimentação. O que este Barómetro nos mostra é que são as pessoas mais desfavorecidas quem tem maiores dificuldades no acesso a consultas de medicina dentária com consequências terríveis para a saúde em geral”.

As conclusões do Barómetro mostram que apenas 28% dos portugueses têm a dentição completa e que mais de 37% da população tem falta de mais de 6 dentes, uma subida de 5% face ao I Barómetro realizado em 2014.

Quando faltam mais de 6 dentes começam a existir problemas de mastigação e há alimentos essenciais que são evitados, até porque 54% dos portugueses que têm falta de dentes não têm nada a substitui-los.

O barómetro revela que apenas 1,2% dos inquiridos consultou um médico dentista por recomendação de outro médico. Um resultado tanto mais grave quanto o Barómetro mostra que não existe o hábito de marcar consultas para a realização de check-ups dentários. 41,3% Dos portugueses nunca marcam consulta para esse fim ou fazem-no menos de uma vez por ano. E só 8,9% marca consulta para check-up quando o seu profissional de saúde recomenda.

É uma situação que Orlando Monteiro da Silva considera “urgente combater, a saúde oral não pode continuar a ser vista como um parente menor da medicina. É imperativo que haja uma maior ligação entre as várias áreas da medicina, incluindo a medicina dentária. Só há boa saúde se houver uma resposta integrada”.

A crise económica e financeira continua a sentir-se no acesso dos portugueses a cuidados de saúde oral e 16,3% dos inquiridos admitem que reduziram o número de visitas ao médico dentista nos últimos 12 meses e 59,4% justifica este corte com questões monetárias.

Orlando Monteiro da Silva sublinha que “existe uma correlação negativa entre a falta de dentes e a regularidade nas visitas ao médico dentista: quando a falta de dentes é maior, a frequência de visitas diminui”.

Apenas 6,9% dos portugueses recorreu ao Serviço Nacional de Saúde para consultas de medicina dentária nos últimos 12 meses, destes, 22,3% não viram o seu problema solucionado e a metade não foi sequer indicada a consulta a outro profissional.

O Bastonário da Ordem dos Médicos Dentistas afirma que “este é um problema sem fim à vista, a oferta de consultas de medicina dentária no Serviço Nacional de Saúde é completamente residual. É preciso colocar médicos dentistas nos centros de saúde e nos hospitais públicos e estabelecer convenções entre o Estado e com clínicas e consultórios de medicina dentária. Os doentes chegam aos nossos consultórios cada vez mais doentes, estamos a gastar mais dinheiro a curar, quando gastaríamos muito menos a prevenir. A médio prazo sai sempre mais barato prevenir do que curar, seja em comparticipações, seja em dias desperdiçados seja em qualidade de vida”.

O Barómetro Nacional de Saúde Oral poderá ser consultado no site do Observatório de Saúde Oral da Ordem dos Médicos Dentistas em www.omd.pt/observatorio.

 

Resumo da ficha técnica

Foram realizadas 1102 entrevistas presenciais. A amostra foi construída através do método de amostra estratificada proporcional, garantindo a representatividade estatística de todas as regiões portuguesas, segundo dados do INE. A margem de erro teórica é de 3,1% para um intervalo de confiança de 95%.

 

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