A Ordem dos Médicos Dentistas (OMD) publica este sábado em alguns dos principais jornais nacionais uma carta aberta aos candidatos a deputados à Assembleia da República a alertar para a reiterada ausência de soluções de medicina dentária no Serviço Nacional de Saúde e para a dificuldade da população, sobretudo da mais desfavorecida, em aceder a cuidados de saúde oral.

Consulte aqui a carta aberta em PDF.

Numa altura em que se começam a debater os programas eleitorais dos partidos políticos candidatos às eleições legislativas deste outono, a OMD manifesta total disponibilidade para encontrar soluções que corrijam os problemas atuais.

A carta sublinha que o Serviço Nacional de Saúde quando foi criado, em 1979, deixou de fora a saúde oral e, até hoje, nunca foi implementada, por nenhum governo, uma solução integrada que garanta consultas de medicina dentária a todos os portugueses.

O bastonário da OMD, Orlando Monteiro da Silva, que assina a carta, sublinha que existe “uma visão, profundamente errada, que separa a saúde oral da saúde no seu todo e acarreta enormes custos para os indivíduos, mas também para o Estado.

Nomeadamente em termos de saúde pública, absentismo laboral e escolar, afetação das funções da mastigação, fala, autoestima, interação social, estética, de entre muitas outras que realizamos através da boca, dentes, maxilares e estruturas anexas. É de há muito referenciada pela Organização Mundial da Saúde a relação entre a saúde oral e a saúde em geral. Particularmente entre a cárie dentária, a doença periodontal (das gengivas) e as doenças crónicas, como diabetes, doenças cérebro vasculares, doenças respiratórias e cancro”.

O sucesso do Programa Nacional de Promoção da Saúde Oral (PNPSO) que atribui o cheque-dentista, com resultados comprovados e muito positivos, sobretudo junto da população escolar abrangida, leva a OMD a defender o alargamento do programa à totalidade dos jovens até aos 18 anos.

A OMD considera ainda que deve ser avaliada a inclusão no programa de doentes com diabetes, dada a relação intrínseca entre o controlo da doença e a saúde oral.

Igualmente urgente é a necessidade de garantir às centenas de milhar de pessoas sem dentes a possibilidade de reabilitação, bem como a criação de um cheque-dentista de “urgência”, a disponibilizar em consultórios aderentes para dar resposta às situações recorrentes de dor e trauma dentário.

Portugal tem mais de 5 mil clínicas e consultórios dentários com cobertura nacional com condições para que seja criada uma rede de convencionados com o SNS. Abrindo em simultâneo a medicina dentária aos cuidados de saúde primários no âmbito do SNS, através da inserção de médicos dentistas nos centros de saúde e hospitais públicos.

A carta aberta da OMD publicada este sábado adverte ainda para o problema do crescimento exponencial de médicos dentistas. A OMD tem hoje perto de 8500 médicos dentistas, quase o dobro dos registados há 10 anos.

Para a OMD é imperativo adequar a formação em medicina dentária às necessidades reais do país. Uma solução, refere a OMD, pode passar por estimular a formação pós-graduada e a formação para as especialidades, adaptando-as às solicitações da nossa sociedade e às necessidades de formação contínua dos médicos dentistas.

Orlando Monteiro da Silva mostra-se “inteiramente disponível para, no âmbito das competências da OMD, colaborar na discussão política destes temas, de importância fundamental. Os médicos dentistas são um grupo profissional unido, mobilizado e disposto a continuar a contribuir ativamente para que Portugal tenha um sistema de saúde, verdadeiramente universal e integral, em que a saúde oral é parte integrante e essencial da saúde em geral”.

A carta aberta da Ordem dos Médicos Dentistas foi enviada, para conhecimento prévio, ao Ministério da Saúde, aos 230 deputados à Assembleia da República, líderes dos partidos com assento parlamentar, faculdades de medicina dentária, diversas entidades dos organismos públicos da área da saúde, conselheiros do Comité Económico e Social, bastonários das ordens profissionais portuguesas, sociedades científicas e associações da área da medicina dentária.

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