As previsões traçadas no documento “Os números da Ordem dos Médicos Dentistas”, que revela a estatísticas de 2012 da profissão, traçam um quadro muito negativo para os médicos dentistas em Portugal.

Em 2016, vão existir 11.510 médicos dentistas em Portugal, um número 55% superior face ao registado atualmente. Esta projeção coloca em destaque as preocupações com o excesso de formação e o consequente aumento de desemprego e sub-emprego entre os médicos dentistas. Um problema que já se faz sentir e tem vindo a agravar-se nos últimos anos.

Desde 2003 que o número de associados da OMD tem crescido a uma taxa anual de 6,97%. Atualmente estão registados na Ordem 7.419 médicos dentistas de 33 nacionalidades. Em 1992, havia 761 profissionais inscritos na OMD. Este aumento de profissionais, em tão poucos anos, faz com que a medicina dentária tenha uma média de idades muito baixa.

“No ano letivo 2011/2012, contabilizámos 2.831 alunos nas várias licenciaturas de Medicina Dentária, sendo que a média etária da profissão é de 44 anos, ou seja, entram mais médicos dentistas no mercado do que aqueles que saem. Estamos, adicionalmente, a falar de um curso com especificidades: é um curso caro, o 2º mais dispendioso de todas as formações qualificadas, que obriga a um investimento forte e que, como tal, a sua sustentabilidade a longo prazo deve ser preservada e defendida. A atual situação é insustentável, estamos a formar médicos dentistas para a emigração”, refere Orlando Monteiro da Silva.

Para o Bastonário da OMD, Orlando Monteiro da Silva, “é uma situação que nos obriga a tomar medidas com urgência, pois demonstra a inequívoca necessidade de racionalizar os recursos humanos nesta área, de repensar a fundo a formação em medicina dentária. Nada fazer ou nada corrigir, nesta altura, é uma opção com riscos preocupantes para o futuro dos nossos profissionais”.

“Há excesso de vagas e de faculdades de medicina dentária em Portugal. O congelamento de vagas para o Ensino Superior agora aprovado é uma medida que defendemos e que nos parece sensata. É um primeiro passo” considera Orlando Monteiro da Silva.

A situação profissional dos médicos dentistas tem vindo a agravar-se, os dados da OMD mostram que cerca de 600 médicos dentistas suspenderam a sua atividade em Portugal para a exercer no estrangeiro. Os principais países de destino são o Reino Unido, Suécia, Suíça, França, Luxemburgo e Noruega.

Portugal tem atualmente de um médico dentista por cada 1.503 habitantes, uma média alta, quando comparada, por exemplo, com o Reino Unido (um por cada 1.974 habitantes) ou Espanha (um por cada 1.887 habitantes).

Os números da Ordem dos Médicos Dentistas de 2012 revelam ainda que existe uma proporção significativamente superior de médicas dentistas (4.152 médicas dentistas, 56%) face a médicos dentistas (3.267 médicos dentistas, 44%).

Dos associados ativos, cerca de 60% têm entre 26 e 40 anos, estabelecendo-se a média etária geral nos 37,28 anos. A OMD conta ainda com 724 associados imigrantes, pertencentes a um total de 32 nacionalidades, a maioria dos quais originários do Brasil (68%, 493 médicos dentistas).