A direcção da Ordem Médicos Dentistas (OMD), liderada pelo seu bastonário, Orlando Monteiro da Silva, é recebida em audiência esta quinta-feira, dia 21 de Abril, às 11h30, Presidente da República, no Palácio de Belém.

No que diz respeito ao exercício da profissão em Portugal, a OMD transmitirá ao Presidente a preocupação crescente com o facto de a maioria dos jovens médicos dentistas diplomados em Portugal não encontrarem colocação profissional no nosso país. Mais de 700 médicos dentistas, encontram-se já a exercer no estrangeiro, sendo o Reino Unido o destino de eleição devido às contratações efectuadas pelo serviço nacional de saúde inglês. 

A situação económica dos mais de 7000 médicos dentistas a exercer em Portugal preocupa também a OMD. A crise económica tem levado a uma menor procura de cuidados de medicina dentária por parte da população. Este factor tem criado dificuldades na sobrevivência económica das mais de 5500 clínicas e consultórios de medicina dentária em Portugal.

Para além desta situação, estão igualmente em risco milhares de empregos de profissões na área da medicina dentária, como assistentes dentárias, mais de 9000, higienistas orais, cerca de 400, e protésicos dentários, mais de 3000.

Segundo o último estudo realizado pela OMD através do Serviço de Higiene e Epidemiologia da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto, 95,1% dos médicos dentistas referiram ser profissionais liberais e, destes, 37,9% referiram trabalhar exclusivamente por conta própria.

A OMD manifestará a necessidade urgente de Portugal reconhecer a capacidade e a importância das profissões liberais no contexto actual: um país que se afunda na burocracia ou na sobregulação, na carga fiscal, beneficiando grandes grupos económicos, com a consequência inexorável da diminuição da qualidade, do aumento dos preços, da penalização fácil do elo mais forte, o do trabalho.

Neste contexto de crise económica, a OMD pretende realçar e reafirmar a importância de se assegurar o financiamento adequado do sistema da saúde e da medicina dentária.

Entre 40 a 90% das crianças com 12 anos, sofrem de cárie dentária e, portanto, de dor e de infecção crónica. Muitas vezes, as consequências são tão graves, como: absentismo escolar, dificuldade em mastigar os alimentos, com impacto significativo no crescimento e até mesmo um impacto significativo no crescimento.

As doenças orais estão comprovadamente entre as segundas e quartas doenças, de tratamento mais caro. Os países da OCDE gastam 6 a 12% dos seus orçamentos em saúde, em saúde oral. 

Não nos podemos esquecer que as doenças da cavidade oral são algumas das mais comuns doenças não comunicáveis, afectando mais de 90% da população do mundo inteiro.

Por outro lado, a saúde oral e a saúde em geral estão intimamente relacionadas e, como tal, situações como doenças cardiovasculares, HIV/SIDA, diabetes, artrite, baixo peso à nascença e má nutrição, são exemplos de doenças relacionadas com a saúde oral.

Não havendo resposta ao nível da medicina dentária no Serviço Nacional de Saúde, com excepção de alguns grupos alvo da população, é particularmente importante assegurar que a generalidade da população em Portugal tem acesso a cuidados básicos de medicina dentária. Portugal obteve alguns ganhos em saúde nos últimos anos na medicina dentária e é por isso importante assegurar que essa situação não se inverta devido à crise económica das famílias em Portugal.